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" :Educar na diversidade é ensinar e aprender junto com os alunos, é conviver com pessoas, destacando nossas diferenças físicas, sociais e culturais.":)

O papel da escola nas sociedades indígenas

As sociedades indígenas têm seus próprios meios de produzir e transmitir os conhecimentos necessários à realização do trabalho que garanta a sobrevivência da comunidade e à preservação das tradições culturais. Têm também códigos jurídicos e sociais que norteiam o comportamento individual e grupal.


Estes conhecimentos são produzidos com a experiência, a vivência e, apreendidos oralmente ou por imitação. As crianças vivem no meio dos adultos observando, imitando alguns de seus atos, praticando jogos e brincadeiras que contribuem com o seu desenvolvimento cognitivo. O fato do conhecimento ser apreendido de forma expontânea não significa dizer que as crianças não sejam orientadas, em diversos momentos, por seus pais, parentes e demais adultos do grupo.


As crianças e jovens são orientados, treinados e praticam, no decorrer de seu desenvolvimento, tudo aquilo de que vão precisar saber quando forem adultos para ocuparem seus lugares desempenhando bem seu papel na organização social.


As sociedades indígenas têm um vasto conhecimento da geografia do local onde vivem, da biologia (principalmente da botânica), conhecendo os ciclos da natureza, a fauna e a flora, as montanhas, os rios, os peixes. Têm conhecimentos médicos, identificam doenças através dos sintomas apresentados e dominam tratamentos, técnicas e medicamentos naturais capazes de combater muitas doenças. Têm conhecimentos históricos (entendem e explicam a origem do mundo, da sociedade através de mitos que são passados de geração para geração), acrescentam, para explicar os acontecimentos mais recentes, a história do contato, das guerras, das fugas e do confinamento a que foram submetidos devido à ação destrutiva do modelo produtivo capitalista.


Têm conhecimentos de agricultura sabendo as épocas de plantio e de colheita, o manejo das sementes e os cuidados que se deve ter com a terra. Deve-se afirmar porém que os conhecimentos milenares que os índios detêm, vão sendo esquecidos e ou substituídos devido às alterações ocorridas no meio ambiente, devido ao contato e ao indigenismo oficial, à entrada dos meios de comunicação de massa nas áreas indígenas, à expansão da sociedade envolvente sobre suas terras, elementos estes que fazem com que, ao cabo das gerações, perderem-se muitas referências norteadoras da prática.

Porém, a escola como instituição formal de instrução está presente nas sociedades indígenas desde os primeiros séculos da colonização. No início, diversas tribos indígenas se recusavam a deixar suas crianças serem "educadas" em outro espaço que não fosse o da vida cotidiana, até hoje muitas mães se recusam a mandar seus filhos para a escola, entendem que a educação da criança é de responsabilidade da família. Muitas discussões já foram feitas neste sentido. As regiões do amazonas, Roraima, Acre, Mato Grosso do Sul e outras promovem frequentemente encontro entre professores, pesquisadores, membros do poder público e demais envolvidos com as questões indígenas para debaterem sobre os rumos da educação escolar. A partir da década de 1970 estes movimentos indígenas têm crescido e suas vozes estão sendo ouvidas por diversos segmentos sociais.

A escola representa para os índios hoje a possibilidade destes aprenderem os conhecimentos de que necessitarão para o relacionamento com a sociedade envolvente e continuarem sobrevivendo ao contato, que é cada vez mais intenso.


A educação escolar indígena no Brasil vem, nas últimas décadas, obtendo avanços significativos no que diz respeito a legislação que a regula. A Constituição Federal através do artigo 210, assegura às comunidades indígenas o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem, cabendo ao Estado proteger as manifestações culturais indígenas conforme reza o artigo 215 e, ainda pela LDB, que oportuniza a educação por meio de dois artigos específicos. Se existem hoje leis bastante favoráveis quanto ao reconhecimento da necessidade de uma educação específica, diferenciada e de qualidade para as populações indígenas na prática, entretanto, há enormes conflitos e contradições a serem superados. Porém estas conquistas não podem ficar apenas no nível declarativo, medidas têm que ser tomadas para que o direito à diferença seja garantido.


Na expectativa de contribuir parta diminuir a distância entre o discurso legal e as ações efetivamente postas em prática nas salas de aulas, é que, as escolas indígenas necessitam de formação de pessoal especializado, currículos mais próximos de suas realidades e mais condizentes com as novas demandas de seu povo, capazes de promover junto aos alunos indígenas o exercício pleno da cidadania e da interculturalidade, o respeito as suas particularidades linguistica-culturais(...) a escola em área indígena, apesar da ideologia colonialista de que está impregnada, pode ser ressignificada pelos próprios povos indígenas, transformando-se, para eles num instrumento de auto-determinação." (LEITE: 1994)


A escola indígena, pensada em conjunto com os sujeitos envolvidos - professores, alunos e comunidade - pode possibilitar a relação entre educação escolar e a vida em sua dinâmica histórica na medida em que puder trabalhar com os conhecimentos provenientes da comunidade intercambiados aos conhecimentos oriundos da sociedade na qual a comunidade se insere.


O currículo deve ser elaborado seguindo os conhecimentos tradicionais da comunidade, sempre associados aos conhecimentos de outras culturas" (Prof. Kaingang e Guarani, PR. In: Referencial Curricular Nacional para as escolas Indígenas) .


Colocadas estas questões, há que se observar também que a educação escolar nas comunidades indígenas é muito conflituosa pois, além das contradições que são inerentes à educação, de uma forma geral, estas comunidades vivem constantemente em luta pela sobrevivência, pela terra, por direitos, pelo resgate da identidade, enfrentando projetos que lhes são impostos, em embates com órgãos do governo e com fazendeiros da região. Enfim, nestas comunidades estão presentes todos os problemas que afetam os pobres e os assistidos, de maneira geral, em nossa sociedade.

Estes pesquisadores dizem ainda que com a chegada do Summer Institute of Linguistics ao Brasil em 1956, o quadro se transformou apenas em seus aspectos mais superficiais e visíveis. Com os objetivos de converter os gentios e salvar suas almas, (...) a questão não era mais abolir grosseiramente a diferença, mas sim domesticá-la. Não se tratava mais de negar às populações indígenas o direito de se expressarem em suas próprias línguas, mas de impor-lhes o dever de adotar normas e sistemas ortográficos gerados in vitro que, de resto, nunca funcionam muito bem. (...) a defesa desse modelo de escola bilíngue (que utiliza as línguas indígenas como meio de alfabetizar) passou a ser preponderante nos meios indigenistas a partir da década de 70. Porém, muitas vezes a defesa pura e simples do bilingüismo , feita de maneira acrítica, acarreta problemas para os próprios professores e comunidades indígenas.

MOTA (1998) em seu estudo sobre o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e as propostas de integração das comunidades indígenas no Estado Nacional afirma que em 1841 Varnhagen encaminhava propostas de que se estudassem as línguas indígenas. (...) Propôs, então, que o IHGB pedisse ao governo imperial que instalasse diversas escolas de línguas indígenas, que se imprimissem dicionários bilíngües de português e línguas indígenas e que se criasse uma seção de etnografia indígena no IHGB (...) além de outros interesses, para Varnhagen esta seria uma interessante ferramenta para a conversão do índio.


Nos últimos anos, ressalta TERENA (1984), à exceção da educação bilíngüe-bicultural, o processo educacional que vem sendo desenvolvido junto a quase todos os grupos indígenas não difere estruturalmente, nem no funcionamento nem nos objetivos, da educação formal oficial.


VEIGA e D'ANGELIS (1993) dizem que as escolas rurais brasileiras, onde os povos indígenas, muitas vezes fazem sentar seus filhos e as escolas instaladas por órgãos oficiais em área indígena - como as da FUNAI, são perniciosas pois fazem dos povos indígenas, contingentes miseráveis de "brasileiros". Para os autores, o caráter patriótico-nacionalista e ufanista da escola pública brasileira e, em geral, das escolas destinadas aos povos indígenas ajudou e ajuda ainda a vender a idéia de que "os índios são os verdadeiros brasileiros", tão comum hoje nos discursos de lideranças indígenas. Este tipo de raciocínio simplório esconde e escamoteia a complexidade das questões sociais existentes em nossa sociedade e, principalmente, do tratamento dado às comunidades indígenas.


A educação destinada às populações indígenas sempre esteve sob a responsabilidade de órgãos governamentais, e foi usada como um instrumento político para dominar os índios. PEREIRA (1998) diz que os grupos indígenas que, historicamente, foram sendo confinados em áreas indígenas ou reservas, automaticamente ficaram sob a jurisdição da FUNAI criada em 1968(...). Os trabalhos desenvolvidos nesses grupos confinados - educação, saúde, agricultura, dentre outros - vinculam-se, diretamente ou por anuência, a essa instituição governamental e por isso estão impregnados de interesses políticos que não atendem a necessidade de toda a população.

Porém, GRUPIONI (1994) afirma que desde fins da década de 70, vêm-se realizando encontros de educação indígena, promovidos por diferentes organizações não-governamentais, reunindo antropólogos, lingüístas, educadores, missionários e indigenistas, que atuavam em processo de educação formal. No final dos anos 80 são realizados diversos encontros regionais de professores indígenas, apoiados e assessorados por entidades pró-índio e grupos especializados existentes dentro de diferentes universidades. Estes últimos, diferentemente daqueles que congregam profissionais não-índios, contam basicamente com a participação de professores indígenas e índios interessados em tornarem-se professores. Além de discutirem os problemas que enfrentam no gerenciamento de suas próprias escolas, os professores vêm se manifestando, politicamente, ao término destes eventos.

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Diversidade: O caminho para a (trans)formação do fazer pedagógico

Vivemos hoje em uma época de globalização, tanto da economia quanto das tecnologias e informações que vêm sendo modificadas constantemente e refletem diretamente na cultura da sociedade. Estes progressos como os avanços na medicina, os computadores, meios de comunicação, meios de transporte..., facilitam a nossa vida, trazendo conforto e inovação. A educação deve progredir no mesmo ritmo, acompanhando os progressos e trabalhando em vistas para diminuir as desigualdades que se originam devido aos avanços, visto que há pessoas que ficam desprovidas dessas inovações. Para tanto, faz-se necessário proporcionar esses “confortos”, também para aqueles que não têm acesso, e a ponte mediadora entre essas diferenças é a escola.
Gadotti (2000, p 41) questiona-se quando fala: “que tipo de educação necessitam os homens e as mulheres dos próximos 20 anos, para viver este mundo tão diverso?” Certamente, eles e elas, necessitam de uma educação para a diversidade, necessitam de uma ética da diversidade e de uma cultura da diversidade. Uma escola que eduque para a pluralidade cultural, que perceba o outro como legítimo outro, o qual possui uma história, uma cultura, uma etnia e que perceba a turma de alunos como heterogênea, visto que cada aluno possui um diferencial, pois provém de lugares, culturas e famílias distintas, apresentando ritmos diferentes para aprender, o que caracteriza a pluralidade no espaço escolar. A escola de hoje precisa encontrar seu caminho para a diversidade, engajando as crianças no mundo das diferenças, preparando-os para ser legítimos cidadãos. Na sala de aula há alunos de diversas culturas, o que requer do professor um olhar diferenciado para seu planejamento, bem como para o currículo escolar, através de adaptações aos conteúdos e atividades desenvolvidas em sala de aula. Também é importante pesquisar a história dos alunos para que o conteúdo a ser estudado esteja de acordo com seus interesses e realidade.

Gadotti (2000, pg. 56) salienta que somente uma educação multicultural pode dar conta desta tarefa.
A educação multicultural se propõe a analisar, criticamente, os currículos monoculturais atuais e procura formar criticamente os professores, para que mudem suas atitudes diante dos alunos mais pobres e elaborem estratégias instrucionais próprias para a educação das camadas populares, procurando, antes de mais nada, compreendê-las na totalidade de sua cultura e de sua visão de mundo.

A diversidade cultural é um fator muito importante de ser analisado no sistema de ensino, pois é a forma de mostrar aos alunos que existem muitas culturas além da que eles estão acostumados a ver. Também devido ao fato de proporcionar uma formação mais ampla aos alunos, no sentido de fazer com que eles interajam com a realidade se auto descobrindo e descobrindo coisas novas, pois muitas vezes o aluno desconhece a sua própria cultura.

Hoje o trabalho desenvolvido nas escolas deve estar voltado para atender todo tipo de diferença, tendo em vista o processo de mudança que vem ocorrendo na sociedade. O “diferente” torna-se muito mais presente no nosso dia a dia, visto que a cada lugar que freqüentamos encontramos alguém diferente, seja com um visual, aparência, sexo, deficiência, cultura, etnia entre outros. Assim, acredita-se que desde a Educação Infantil, os programas educacionais devem estar voltados à diversidade, para que a criança aprenda a respeitar, viver e se construir nesse contexto.
Para tanto, é necessário que a sociedade também valorize as diversidades e que os meios de comunicação também colaborem, ajudando, por exemplo, a não incentivar a violência a homossexuais, travestis, lésbicas, entre outros, pois a escola não deve ser o único fator de mudança, é preciso que toda a sociedade se conscientize. Segundo Gomes (1999) o reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural (negros, índios, mulheres, deficientes, homossexuais, entre outros) coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à diferença.
A luta dos educadores pelos direitos e pelo reconhecimento das diferenças não pode ser dar de forma separada e isolada. É preciso que políticas governamentais apóiem os programas educacionais, bem como os meios de comunicação, os quais tem forte influência de persuasão. O professor não pode pensar que a inclusão, é exclusividade de deficientes e que para esta acontecer basta adaptar o espaço físico e ter profissionais qualificados. Isto é preciso, mas não é o suficiente, porque uma escola com olhar voltado para a inclusão social, jamais irá pensar somente no deficiente, mas sim em todo tipo de diferença que existe e que surge a cada dia. Além de oferecer espaço físico adequado, é necessário que a escola prepare as novas gerações para esta educação, voltada para a diversidade. Através desta perspectiva, acredita-se que irão se romper as barreiras negativas construídas ao longo do processo histórico, “o preconceito”.

Mudar não é tarefa fácil e todos sabemos disso, mas o prazer da mudança surge quando a própria escola se torna espaço o espaço de (trans)formação. E somente através desta prática (trans)formadora é que poderemos construir uma sociedade mais justa, que inclui e não exclui, que perceba a escola como espaço de construção, através da valorização das individualidades, do respeito para com as diferenças, com a cultura de cada um, onde a educação é o elemento essencial para um mundo melhor.

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Este artigo foi escrito por Caroline Côrtes Lacerda, resolvemos abrir o nosso blog com esse artigo pois assim como ela, acreditamos que a EDUCAÇÃO necessita de uma transformação para atender com qualidade e de maneira significativa, a diversa clientela que temos nos dias atuais. E que por meio da mesma poderemos transformar nossos alunos em seres humanos conscientes de suas atitudes, cidadãos ativos que fazem a diferença no ambiente que estão inseridos. Com uma visão positiva da diversidade, enxergando a mesma como algo que vem para somar, enriquecer e tornar o nosso mundo um lugar melhor para se viver e livre de preconceitos.

 
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