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" :Educar na diversidade é ensinar e aprender junto com os alunos, é conviver com pessoas, destacando nossas diferenças físicas, sociais e culturais.":)

Bullying: é preciso levar a sério ao primeiro sinal

Esse tipo de violência tem sido cada vez mais noticiado e precisa de educadores atentos para evitarem consequências desastrosas.

Entre os tantos desafios já existentes na rotina escolar, está posto mais um. O bullying escolar - termo sem tradução exata para o português – tem sido cada vez mais reportado. É um tipo de agressão que pode ser física ou psicológica, ocorre repetidamente e intencionalmente e ridiculariza, humilha e intimida suas vítimas.
 "Ninguém sabe como agir", sentencia a promotora Soraya Escorel, que compõe a comissão organizadora do I Seminário Paraibano sobre Bullying Escolar, que reuniu educadores, profissionais da Justiça e representantes de governos nos dias 28 e 29 de março, em João Pessoa, na Paraíba. “As escolas geralmente se omitem. Os pais não sabem lidar corretamente. As vítimas e as testemunhas se calam. O grande desafio é convocar todos para trabalhar no incentivo a uma cultura de paz e respeito às diferenças individuais”, complementa.

A partir dos casos graves, o assunto começou a ganhar espaço em estudos desenvolvidos por pedagogos e psicólogos que lidam com Educação. Para Lélio Braga Calhau, promotor de Justiça de Minas Gerais, a imprensa também ajudou a dar visibilidade à importância de se combater o bullying e, por consequência, a criminalidade. "Não se tratam aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência, em muitos casos de forma velada. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime”, avalia o especialista no assunto. Ele concorda que o bullying estimula a delinquência e induz a outras formas de violência explícita.

Seminário - Organizado pela Promotoria de Justiça da Infância e da Adolescência da Paraíba, em parceria com os governos municipal e estadual e apoio do Colégio Motiva, o evento teve como objetivo, além de debater o assunto, orientar profissionais da Educação e do Judiciário sobre como lidar com esse problema. A Promotoria de Justiça elaborou um requerimento para acrescentar os casos de bullying ao Disque 100, número nacional criado para denunciar crimes contra a criança e o adolescente. O documento será enviado para o Ministério da Justiça e à Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Durante o encontro também foi lançada uma publicação a ser distribuída para as escolas paraibanas, com o objetivo de evidenciar a importância de um trabalho educativo em todos os cenários em que o bullying possa estar presente – na escola, no ambiente de trabalho ou mesmo entre vizinhos. Nesse manual, são apresentados os sintomas mais comuns de vítima desse tipo de agressão, algumas pistas de como identificar os agressores, conselhos para pais e professores sobre como prevenir esse tipo de situação e mostram-se, ainda, quais as consequências para os envolvidos.

Em parceria com a Universidade Maurício de Nassau, a organização do evento registrou as palestras e as discussões – o material se transformará num vídeo-documentário educativo que será exibido nas escolas da Paraíba, da Bahia e de Pernambuco.

Bullying vai muito além da brincadeira sem graça

Esse termo não tem um correspondente em português. Em inglês refere-se à atitude de um bully (valentão). Objeto de estudo pela primeira vez na Noruega, o bullying é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica contra alguém em desvantagem de poder, sem motivação aparente e que causa dor e humilhação a quem sofre. “É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, pedagoga pioneira no estudo do tema no país e autora de Bullying Escolar (Artmed). Segundo ela, o bullying pode acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. “Identificamos casos de bullying em escolas das redes pública e privada, rurais e urbanas e até mesmo com crianças de 3 e 4 anos, ainda no Ensino Infantil”, comenta.

Para o presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Buylling Escolar, José Augusto Pedra, o fenômeno é uma epidemia psico-social e pode ter consequências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. “Se observa também uma mudança de comportamento. As vítimas ficam isoladas, se tornam agressivas e reclamam de alguma dor física justamente na hora de ir para escola”, detalha José Pedra.

Até as testemunhas sofrem ao conviver diariamente com o problema, mas tendem a omitir os fatos por medo ou insegurança. Geralmente, elas não denunciam e se acostumam com a prática – acabam encarando como natural dentro do ambiente escolar. “O espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro. Se for pela internet, no cyberbullying, por exemplo, ela ‘apenas’ repassa a informação. Mas isso o torna um co-autor”, completa Cléo Fante.

O bullying, de fato, sempre existiu. O que ocorre é que, com a influência da televisão e da internet, os apelidos pejorativos foram tomando outras proporções. “O fato de ter consequências trágicas, como mortes e suicídios, e a falta de impunidade proporcionou a necessidade de se discutir de forma mais séria o tema”, aponta Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro “Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil”.

Como identificar vítima e agressor

Depressão, baixo auto-estima, ansiedade, abandono dos estudos – essas são algumas das características mais usuais das vítimas. De certa forma, o bullying é uma prática de exclusão social cujos principais alvos costumam ser pessoas mais retraídas, inseguras. Essas características acabam fazendo com que elas não peçam ajuda e, em geral, elas se sentem desamparadas e encontram dificuldades de aceitação. “São presas fáceis, submissas e vulneráveis aos valentões da escola”, explica Cleo Fante, especialista no assunto.

Além dos traços psicológicos, as vítimas desse tipo de agressão apresentam particularidades, como problemas com obesidade, estatura, deficiência física. As agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicos e religiosos. “Também pode acontecer com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”, exemplifica Guilherme Schelb.

Os agressores são geralmente os líderes da turma, os mais populares – aqueles que gostam de colocar apelidos nos mais frágeis. Assim como a vítima, ele também precisa de ajuda psicológica. "No futuro, este adulto pode ter um comportamento de assediador moral no trabalho e, pior, utilizar da violência e adotar atitudes delinqüentes ou criminosas", detalha Lélio Calhau.

Como prevenir o problema na escola

Para evitar o bullying, as escolas devem investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Para os professores, que têm um papel importante na prevenção, alguns conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (Artmed).

- Observe com atenção o comportamento dos alunos, dentro e fora de sala de aula, e perceba se há quedas bruscas individuais no rendimento escolar.
- Incentive a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças através de conversas, trabalhos didáticos e até de campanhas de incentivo à paz e à tolerância.
- Desenvolva, desde já, dentro de sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos.
- Quando um estudante reclamar ou denunciar o bullying, procure imediatamente a direção da escola.
- Muitas vezes, a instituição trata de forma inadequada os casos relatados. A responsabilidade é, sim, da escola, mas a solução deve ser em conjunto com os pais dos alunos envolvidos.

Como a família pode ajudar

Os pais devem estar alertas para o problema – seja o filho vítima ou agressor pois ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. Veja as dicas dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (Artmed).

- Mostre-se sempre aberto a ouvir e a conversar com seus filhos.
- Fique atento às bruscas mudanças de comportamento.
- É importante que as crianças e os jovens se sintam confiantes e seguros de que podem trazer esse tipo de denúncia para o ambiente doméstico e que não serão pressionados, julgados ou criticados.
- Comente o que é o bullying e os oriente que esse tipo de situação não é normal. Ensine-os como identificar os casos e que devem procurar sua ajuda e dos professores nesse tipo de situação.
- Se precisar de ajuda, entre imediatamente em contato com a direção da escola e procure profissionais ou instituições especializadas.


Quer  saber  mais?

O Bullying



O Bullying, segundo Fante (2005), se define como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivo evidente, adotado por um ou mais alunos contra outros, causando sentimentos negativos como raiva, angustia, sofrimento e em alguns casos queda do rendimento escolar. O bullying escolar se resume em insultos, intimidações, apelidos constragedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuações em grupo que hostilizam e ridicularizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos e danos na aprendizagem.

No cotidiano escolar presenciamos diariamente atitudes de agressões tanto física como verbal entre os alunos e como educadores temos o dever de interferir, através de conversas e debates, mostrando para os alunos a importância do respeito mutuo, do diálogo, da justiça, da solidariedade, assim como trabalhar as diferenças e os direitos das crianças em sala de aula.

A escola tem dificuldades em trabalhar com a diversidade, pois as diferenças são vistas como problemas e não como oportunidades para produzir saberes em diferentes níveis de aprendizagem.

É necessário que pensemos em formas de fomentar, nas práticas pedagógicas, o diálogo, o respeito a posições contrárias, pois as pessoas se desenvolvem e se humanizam graças à linguagem e ao diálogo.

A escola deve ensinar o princípio da tolerância, no sentido de acolher às diferenças, de respeitar a individualidade de cada aluno, isto é, o modo de agir, pensar e crer, enfim, a liberdade de ser de outro jeito.

Refletindo sobre o Preconceito


Em nosso curso abordamos a questão do preconceito e os tipos existentes do mesmo. Então para falarmos em preconceito devemos saber que é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente, isto é, um conceito formado antecipadamente, sem maiores conhecimentos dos fatos, trata-se, portanto, de uma idéia construida sem fundamentos. As formas mais comuns de preconceito são: social, racial, religioso e sexual.
Preconceito não é, simplesmente, sentimento de estranhamento diante de quem parece muito diferente de nós. É possível que se tenha diante do diferente uma reação de afastamento e até mesmo de defesa. O que é estranho potencialmente nos ameaça. O ato de afirmar a identidade e a unidade cultural de um grupo implica, muitas vezes, a rejeição de culturas diferentes.
O ato preconceituoso, portanto, sustenta-se pela crença na desigualdade natural entre os seres humanos e isso implica considerar-se como possuidor de verdade absoluta e como padrão de comportamento de referênncia para todos.Pré julgar, tentar julgar, descriminações acontecem por motivos que podem ser tanto fúteis e sem fundamentos quanta parte de esquemas imperialistas para a dominação de um povo, um território.
A exclusão social de um modo geral caracteriza-se por afastar o indivíduo do meio social em que vive. Pode estar relacionada a vários fatores sejam eles, políticos econômicos, religiosos, entre outros.
O preconceito racial é uma forma de exclusão social bastante comum no mundo, porém, pode-se observar que o Brasil, apesar de ser um país com população em sua maioria negra ou afro descendente, o racismo é uma prática muito freqüente, o que nos leva a pensar em qual seria o verdadeiro motivo para tamanha discriminação.
Os antecedentes históricos mundiais podem ser considerados como prova de que o negro sempre foi discriminado em todos os aspectos, não tinham, por exemplo, direito à escola e até a lei do ventre livre ser decretada, não tinham direito nem sobre seus filhos, pois, esses na hora do nascimento eram considerados propriedades dos senhores, como eram chamados os homens de pele branca que tinham condições financeiras de manter sobre seu poder vários escravos e quanto maior a quantidade maior seria o seu prestígio na sociedade.
É fato real que no mercado de trabalho e na sociedade as pessoas de cor de pele negra são menos aceitas que pessoas de pele branca. É obvio que a cor da pele não julga a competência de ninguém, mas, infelizmente, o preconceito existe e deve ser combatido no Brasil, um país negro por natureza, que ainda não aceitou ou não conseguiu aceitar esta realidade.
É preciso que os negros sejam vistos e tratados como pessoas comuns e normais que são, e não como inferiores aos brancos. Esse é apenas o primeiro passo para a sociedade se tornar menos preconceituosa.
Uma das formas mais comuns de preconceito no Brasil e em países onde a desigualdade se torna bem visível, num nível acentuado é o preconceito social.
Muito se engana quando acham que o preconceito social acentuasse na classe mais rica, pois esquecemos que o pobre também relata atos de indiferença ao observar erroneamente tipo de roupa, carro, casa e fazer seu pré-julgamento.
O maior atenuante depois da má distribuição de renda é a falta de educação que é conseqüência de uma administração falida, trazendo baixa cultura aos povos mais pobres e assim faz-se com que alguns se sintam inferiores e outros com um andar acima de superação social.
Creio que dos preconceitos é o mais fácil para se acabar, porque vemos que o preconceito social é gerado pela falta de investimentos numa área do nosso país e não tem si quer atenuantes hereditários como o que acontece no racismo.
Se aprofundarmos na questão social; veremos que dependerá, no caso do Brasil de não somente uma mudança de governo e média de cinqüenta anos de investimento na educação, e sim também de mudar a mentalidade das classes dominantes desse país que é inaceitável apenas uns 10% obter a renda final de mais de 55% dos brasileiros.
A classe média (uma grande parte) poderia ser chamada de estúpida por tentar acreditar que é mais importante do que os oriundos da pobreza.
Se sentem superiores e são profundos egoístas em pensarem que tendo casa, carro, uma condição boa e um papel decisivo na sociedade. Se sentem no direito de julgar por meio de sua condição na sociedade, achando que o dinheiro é tudo, é único, mesmo nunca chegando a obter o que as classes dominantes têm.
A classe média é a mais inconstante das classes do nosso país, hora são aqueles consumidores ascídios ao luxo, a tecnologia, e hora passasse a classe mais afetada nas transformações econômicas.
A classe média é chamada de inconstante pelo tom de vulgaridade presente nos seus componentes, de acharem que domina o sistema, coisa feita pela classe mais alta, a dominante. E ao mesmo tempo a classe que sofre os maiores problemas, coisa da classe pobre, por não terem a quem recorrer e se defender, por se ver sempre na mesmice de poder viver a vida inteira pobre, por precisar da oportunidade de alguém que não é como eles, por sofrerem a descriminação dos setores dominantes da sociedade.
Preconceito intelectual ou descriminação de pensamento e escolhas vem do mesmo sentido, de você não poder imaginar ou supor, querer ou desejar abertamente algo ou alguém.
Outra forma de preconceito no Brasil é o preconceito intelectual; presente na opção sexual de alguém, o homossexualismo, seja ele aberto ou não é uma escolha de cidadão para cidadão, como a cor do carro ou a roupa a vestir.
Obviamente o preconceito tem que ser reprimido quando passasse ao constrangimento de terceiros, porque como se trata de um pensamento não se pode obrigar a estes mesmos a aceitação dessa mentalidade.
Só através de estudos sistemáticos é que alunos, professores e mesmo a sociedade terão subsídios para compreender as diferenças, além da busca de caminhos da transformação social, em que o número de excluídos seja cada vez menor e onde haja um conhecimento recíproco e respeitoso. A escola deve permitir uma discussão em que se perceba, pela análise, que as diferenças étnicas, culturais e regionais tem sido instrumentos que reforçam e mantêm a desigualdade social, levando-a a atuar como mera transmissora de ideologia, subtraindo-se do direito e dever da reflexão e da educação de cidadãos conscientes.
Acabar com o preconceito é compreender e aceitar as diferenças dos seres vivos dentro de um ecossistema, acreditando que a diversificação de pensamentos e a multiplicidade de culturas trarão maior conhecimento e deixaram o mundo mais vivo e mais fácil de ser administrado.
Por fim, o preconceito somente existe porque não se respeita o próximo.

Referências:
www.google.com.br – preconceito.
Preconceito social – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disponível: Pt.Wikipedia.Org/wiki/preconceito_social
Acesso em: 10out. 2009.
CMI Brasil – tese sobre o preconceito
Acesso em: 10out. 2009
Preconceito racial uma forma de exclusão social.
Acesso em: 10out. 2009









Educação para a Cidadania

“É preciso plantar a semente da educação para colher os frutos da cidadania". Paulo Freire



Em nossa reflexão durante o curso sobre Educação para Cidadania,  acreditamos  plenamente que a educação esta ligada a cidadania, afinal, a formação do ser humano começa dentro da família, onde se dá início o processo de humanização e valores éticos inseridos dentro deste contexto. E é dentro do ambiente escolar que o ser humano (criança), amplia seu leque, em relação a sua vida social e afetiva. A educação é um meio de construir e reconstruir esses valores e normas que dignificam as pessoas e as tornam mais aptas para o exercício da cidadania, conscientes dos seus direitos e principalmente dos seus deveres, dentro da sociedade. E perceber que ser cidadão é fazer parte desse mundo, onde suas escolhas e postura não afetam somente a si mesmo e sim a outras pessoas. Portanto, acreditamos que é por meio da educação que podemos construir condições relevantes para exercer a cidadania, onde cada pessoa possa se tornar um agente transformador no mundo.
Aproveitamos  o gancho de um  texto  que estudamos, onde enfoca que a dimensão do ser humano esta presente desde a infância e que tratar a criança como um sujeito de direitos e deveres é possibilitar a ela condições de vivenciar a dimensão de cidadania.
Logo pensamos que a expressão cidadania esteve sempre presente e justificada, de alguma forma, nas necessidades humanas de sobrevivência, de interação e de participação social. Em escala maior ou menor os movimentos sociais de diferentes gerações, mostram que historicamente, o descontentamento motivado por toda a espécie de questões de cunho estrutural comunitário mobilizou ações de transformação da realidade.
Envolve o entendimento de que alguns conceitos somente são compreendidos e incorporados ao comportamento quando os alunos passam por situações em que sejam postos em jogo. Testando a viabilidade de conceitos e construindo experiência é que muitas aprendizagens se efetivam.
No caso da cidadania, este argumento dá incentivo aos projetos educativos em que os alunos possam refletir sobre informações que eles mesmos coletam em sua comunidade, organizando e categorizando elementos de acordo com uma percepção e conhecimento que não se esgotam na informação de algum portador de texto, mas contextualizam-se a partir do caráter real e vivenciado pelos alunos.
Naturalmente, não basta alimentar-se de projetos individuais: carecemos de projetos coletivos, que estimulem as ações individuais, articulando-as na construção do significado de algo maior. Tanto quanto da satisfação das necessidades básicas em sentido biológico ou econômico, necessitamos participar de projetos mais abrangentes, que transcendam nossos limites pessoais e impregnem nossas ações, nossos sonhos, de um significado político/social mais amplo.
Tal articulação possibilitará aos indivíduos, em suas ações ordinárias, em casa, no trabalho, ou onde quer que se encontrem a participação ativa no tecido social, assumindo responsabilidades relativamente aos interesses e ao destino de toda a coletividade. Neste sentido, Educar para a Cidadania  significa prover os indivíduos de instrumentos para a plena realização desta participação motivada e competente, desta junção entre interesses pessoais e sociais, desta disposição para sentir em si as dores do mundo.
Referências:

-Vera Lúcia Ribeiro dos Santos – Bibliotecária - CRB 8ª Região 6198 O Caderno Temático vol. 5 – Cidadania Ativa na Prática - Contribuições da Psicologia e da Animação Sociocultural



Convivência na Diversidade

A  escola tem dificuldade em trabalhar com a diversidade; pois as diferenças são vistas como problema e não como oportunidades para produzir saberes em diferentes níveis de aprendizagem. Neste sentido a Pluralidade Cultural foi um dos temas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) como sendo o conhecimento e a valorização das características étnicas e culturais dos diferentes grupos que convivem no território nacional. Como educadores precisamos criar ambientes que fomentem nas práticas pedagógicas o diálogo, a tolerância e o respeito a diversidade e que os alunos se sintam seguros para expor suas dúvidas, seus conhecimentos, suas opiniões, seus valores na sala de aula e que aprendam a fazer escolhas e a acatarem decisões tomadas pelo grupo.

Para que haja uma interação entre professor e aluno é necessário uma prática pedagógica pautada no diálogo e se a educação é um processo que conduz o desenvolvimento humano mais harmonioso, podemos crer que ela possa favorecer que as relações também se torne mais harmoniosas, mais solidárias, mas terna.

Ensino com a cara do campo

No curso foi abordado o tema PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA, que para nós era ainda desconhecida, afinal somos professoras do meio urbano. Mas achamos interessante e vimos o quanto de sua importância para professores e principalmente para os alunos. Claro que sabemos que muitas mudanças ainda terão que ser feitas para que realmente todos têm acesso a essa realidade que é   previlégio de alguns lugares.
Encontramos  duas reportagens  que achamos pertinentes e interessantes sobre o assunto, que retrata um pouco dessa realidade e contribui com algumas dicas de como se trabalhar de acordo com a realidade dos alunos do campo. Muito bom !


Com uma proposta pedagógica eficaz fez a escola rural se tornar referência em qualidade de ensino


CONTEÚDO E CONTEXTO
Alunos da Hermínio Pagotto, em Araraquara, aprendem na sala de aula e nas plantações.

Pés de jaca, goiaba e maracujá estão por toda a parte ao redor da EMEF do Campo Professor Hermínio Pagotto, em Araraquara, a 270 quilômetros de São Paulo. Ela está no assentamento Bela Vista do Chibarro, região dividida em lotes que foram entregues em 1990 a 170 famílias pelo Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra). As propriedades que surgiram são hoje mais do que uma fonte de renda para a comunidade: elas se tornaram laboratório e sala de aula para os filhos dos agricultores.
Tudo começou em 2001, quando as pessoas que ali moravam e trabalhavam se reuniram para resolver um problema: a escola era estadual e, para ser municipalizada e receber mais investimentos, os gestores precisavam apresentar um projeto à secretaria de Educação. Mudanças na forma de ensinar – até então baseada em livros didáticos e com conteúdos distantes da realidade local – já estavam nos planos da direção. Para atingir os objetivos, era necessário fazer a escola rural dar certo. E, no trabalho de aprofundar os conhecimentos e abrir as portas para a comunidade, nasceu um projeto vitorioso (leia mais sobre as ações que garantiram o sucesso da escola no quadro abaixo). “Precisávamos fazer com que os alunos percebessem o sentido do ensino e valorizassem o aprendizado”, lembra a diretora, Adriana Maria Lopes Morales Caravieri. Os indicadores eram preocupantes: a evasão tinha atingido 15,3%, e a taxa de reprovação, 7,14%.
Pais, alunos, professores, funcionários, lideranças comunitárias, pesquisadores de universidades e representantes da secretaria de Educação da cidade, do Incra e do Instituto de Terras do Estado de São Paulo foram chamados para participar da discussão do projeto pedagógico, batizado de Programa Escola de Campo, foram chamados O que começou como uma solução para apenas uma escola acabou virando uma política pública no município de Araraquara, um modelo tão bem-sucedido que foi adotado pela vizinha Matão (leia mais no quadro da página abaixo).


Ações para uma escola rural dar certo
• Aproximação do ensino com a realidade das crianças.
• Valorização dos saberes do campo.
• Uso de espaços alternativos de ensino, como as plantações locais.
• Aprofundamento dos conhecimentos, relacionando-os com os produzidos fora do contexto rural.
• Abertura da escola para a participação ativa da comunidade.
• Contato com outras escolas rurais para a troca de experiências.

 Saberes bem atrás de casa


COMUNIDADE PRESENTE
Pais e vizinhos são fontes de informação, com alunos demonstrando respeito pelo saber que vem do campo.
Uma das primeiras decisões foi fazer das propriedades locais uma extensão da sala de aula, permitindo que os saberes circulassem entre a escola e a casa dos alunos. Muito do que as crianças aprendem é útil para quem trabalha com a terra. Stefany Aragão Oliveira, 9 anos, descobriu nas aulas de Ciências que o bichinho da goiaba vem dos ovos de uma espécie de mosca. A professora ensinou a fazer uma armadilha para os insetos, evintando assim que as frutas fossem atingidas. Nas árvores do pomar da família, a menina montou arapucas e eliminou o problema.
Para valorizar os saberes do campo e fortalecer a aproximação com a comunidade, os agricultores se tornaram uma fonte de informação. No estudo sobre as propriedades medicinais do maracujá, Adiel Augusto Gonçalves recebeu a turma do 4º ano durante uma manhã para conversar sobre o plantio. Primeiro, a garotada fez pesquisas em livros e depois foi investigar como o cultivo é feito pelos pais e vizinhos. “Eu também estou aprendendo ainda”, afirma Adiel às crianças, ao trocar informações sobre as melhores formas de obter as sementes.
Outro princípio da Escola do Campo é aproveitar dados da realidade para ensinar os principais conteúdos curriculares. No início dos trabalhos com o 6º ano, ao estudar a origem dos números e os sistemas de numeração, o professor Irineu Marcelo Zocal propôs uma atividade de coleta de dados. As crianças pesquisaram nos lotes os tipos de lavoura que eram cultivados. Em sala, elas construíram gráficos de barras para fazer comparações. “Essa é uma forma de usar informações do contexto das crianças”, explica. É também uma maneira de mostrar que o uso do contexto local não significa desprezar os conhecimentos produzidos fora do âmbito rural. “Eu trago o mundo para dentro da escola”, completa Odete Botari, que leciona para o 3º ano. A turma dela estuda conteúdos relacionados à alimentação, fazendo pesquisas na horta da escola e nos arredores. Mas não fica nisso. “Quero que todos aprendam a fazer gráficos da distância entre os planetas”, exemplifica.


Envolvimento comunitário

AMPLIAÇÃO DO SABER
Laboratório completo auxilia os professores a aprofundar os conhecimentos científicos da turma.
A Hermínio Pagotto usa vários mecanismos de interação com a comunidade. Os tradicionais, como o Conselho Escolar e o Grêmio Estudantil, têm participação ativa em todas as ações da escola. Há ainda reuniões e assembleias comunitárias. Luciana Carla Soares Moço é mãe de aluno e presidente do Conselho há três anos. “Nada acontece sem que todos fiquem sabendo. Participamos das decisões”, comenta. A unidade está permanentemente aberta para familiares e vizinhos, que utilizam os espaços disponíveis para promover cursos de qualificação profissional, reunir lideranças rurais e até promover festas. Tudo está à disposição, da quadra ao laboratório, passando por biblioteca, hortas e cozinha experimental.
O projeto ganhou o Prêmio Gestão Pública e Cidadania da Fundação Getúlio Vargas em 2004. Em 2008, a Hermínio Pagotto participou de uma iniciativa do Instituto Embraer e passou por uma avaliação completa, com direito a um trabalho de identificação do que estava funcionando bem e do que poderia melhorar. Agricultores, pais, alunos, professores e funcionários, todos ajudaram a fazer o diagnóstico, que deu origem a projetos de melhoria tão interessantes que receberam o financiamento do instituto. Ainda este ano, as crianças ganharão uma sala de informática com internet, um playground e um viveiro de mudas. Os indicadores atestam o resultado do trabalho cooperativo: a evasão caiu para zero e a taxa de reprovação para 2,7% (um terço do que era em 2000). “É um incentivo à gestão participativa, com as pessoas contribuindo, em vez de só reclamar”, explica Mariza Scalabrin, gerente de desenvolvimento social do Instituto Embraer.
Modelo de inovação
  
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
 Escolas rurais de Matão adotaram o projeto de Araraquara e formaram uma rede de troca de informações

As transformações que fizeram da EMEF do Campo Professor Hermínio Pagotto uma referência em escola rural foram fruto de um processo de intenso diálogo com a comunidade e os parceiros envolvidos na realidade do campo. Tudo para que a escola se adequasse às exigências nacionais para o ensino rural e, ao mesmo tempo, refletisse as necessidades e os anseios dos moradores. Consolidadas as diretrizes educacionais, elas foram apresentadas no Fórum Municipal de Educação e aprovadas por unanimidade. “Todo o conhecimento que discutimos e acumulamos foi transformado no nosso projeto pedagógico, que deu origem à escola que vemos hoje, totalmente dedicada à aprendizagem dos alunos e ao desenvolvimento da região”, conta a diretora, Adriana Caravieri. Em 2002, o programa se tornou uma referência para todas as escolas rurais de Araraquara. Na época, Alexandre Luiz Martins de Freitas era coordenador da Secretaria de Educação e acompanhou a implantação do projeto em outras duas unidades da rede. Atualmente, ele é o titular do cargo no município de Matão, a apenas 35 quilômetros de distância. E já levou a experiência para três escolas dessa cidade. A EMEF do Campo Professora Helena Borsetti tem 360 alunos e é uma delas. “No início, houve alguma resistência dos professores em relação aos novos métodos de ensino, mas eles logo viram que a contextualização do saber dá resultado”, revela a diretora, Milena Ferreira. A escola monta os projetos aproveitando todos os espaços disponíveis, como a horta, que é usada para a medição de perímetro e área. A troca de informações entre as unidades rurais não para no eixo Matão-Araraquara. A Hermínio Pagotto já foi palco de seminários regionais de Educação do campo e os gestores participam de encontros municipais, regionais e nacionais para trocar experiências e criar uma rede de comunicação cada vez mais eficaz.

Como melhorar a Educação no campo

A Pedagogia de Alternância intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo para diminuir a evasão escolar em áreas rurais.

APRENDER NA ESCOLA Além das disciplinas regulares, os alunos têm aulas voltadas para a realidade rural.
A vida no campo também ensina. Esse é o preceito básico da Pedagogia de Alternância, proposta usada em áreas rurais para mesclar períodos em regime de internato na escola com outros em casa. Por 30 anos, a receita foi aplicada no Brasil por associações comunitárias sem o reconhecimento oficial. Agora, o Ministério da Educação (MEC) não apenas aceitou a Alternância como também quer vê-la ainda mais disseminada.

A metodologia foi criada por camponeses da França em 1935. A intenção era evitar que os filhos gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola ou que tivessem de ser enviados de vez para morar em centros urbanos. No Brasil, a iniciativa chegou com uma missão jesuíta, no Espírito Santo, em 1969. Logo se espalhou por 20 estados, em áreas onde o transporte escolar é difícil e a maioria dos pais trabalha no campo. Os alunos têm as disciplinas regulares do currículo do Ensino Fundamental e do Médio, além de outras voltadas à agropecuária. Quando retornam para casa, devem desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.

Até 1998, os estudantes que se formavam nessas instituições ainda precisavam prestar um exame supletivo para conseguir o diploma, mas no ano seguinte o regime foi legitimado pelo MEC. Hoje, são 258 escolas com pelo menos 20 mil estudantes em todo país - e índices de evasão baixíssimos (veja o mapa abaixo). O diretor de Educação para Diversidade do ministério, Armênio Bello Schmidt, é um entusiasta da modalidade. "Enfrentamos problemas para transportar alunos de áreas afastadas para o centro e muitas vezes eles não querem isso", diz. Schmidt afirma que mais escolas vão adotar a Alternância nos próximos anos, já que há a fila de espera por vagas.

Pé firme no campo, mas de olho na universidade


A Escola Família Agrícola Riacho de Santana, a 846 quilômetros de Salvador, aplica a Alternância de 5ª a 8ª série, com conteúdo adicional de iniciação à agricultura, à zootecnia e à administração rural. Foi isso que fez Paulo Cezar Souza Calado, 16 anos, voltar a estudar depois de ter desistido na 7ª série, há dois anos. "Eu tinha aulas no centro e perdia mais de duas horas só para ir e voltar. Não via sentido. Aqui aprendi a fazer pocilga e horta. Quero fazer um curso de técnico agrícola e trabalhar com isso", projeta.

No Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, em Pinhais, a 7 quilômetros de Curitiba, a maioria dos alunos demonstra interesse em ingressar na universidade - em geral, em cursos ligados ao campo. "Estamos disseminando conhecimentos agropecuários para pequenos produtores e ajudando a melhorar a vida de muita gente", entusiasma-se o diretor, Eduardo Kardush.

Na escola, os alunos alternam períodos de três semanas na instituição com uma em casa. Enquanto estão na unidade, eles têm aulas das 7h30 às 12h e das 13h às 15h. No restante do tempo, têm disciplinas como agronomia e ecologia e ajudam a cuidar dos três hectares com horta, pomar e animais. Eles também fazem tarefas nos quartos e na cozinha. "Os funcionários são os responsáveis, mas os alunos participam de tudo", diz o diretor.

Quando o dia acaba, todos se dirigem ao prédio do internato. Os dormitórios coletivos são divididos por estudantes do mesmo sexo e, preferencialmente, cidade. Os inspetores supervisionam a garotada, inclusive durante as atividades de lazer. Namoros só são permitidos com autorização dos pais por escrito.

Professores precisam conhecer a realidade do aluno





PRATICAR NO CAMPO
Quando eles voltam para casa, aplicam o que aprenderam e ajudam a mudar a vida da família.

Diante de uma rotina tão distinta, o trabalho dos professores também muda bastante. A começar por um ponto básico: em uma semana por mês, as salas de aula estão vazias. É nesse período que eles elaboram seus planos de aula e projetos e, eventualmente, visitam as comunidades atendidas pela escola. "A visita é fundamental para o professor saber o que pode ou não exigir do aluno enquanto está em casa", garante Érica Cristina dos Santos, que leciona Língua Portuguesa. "Alguns lugares têm até internet e outros nem energia elétrica. É preciso sempre pensar em atividades flexíveis", diz.

A professora de Geografia Rosa Caldeira de Moura destaca a facilidade de desenvolver projetos anuais. "No ensino tradicional, os alunos tendem a dispersar, mas aqui as atividades práticas servem de fio condutor", explica. Toda vez que a turma está para voltar para casa, ela pensa em um tema que possa ser visto na prática. Um exemplo é a erosão. Ela explica o fenômeno e os riscos que ele traz, depois ensina a reproduzi-lo em um pequeno espaço da horta, retirando raízes e acrescentando água. "O pessoal faz e não esquece nunca mais", garante.

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Timothy Ireland: "A EJA tem agora objetivos maiores que a alfabetização"

Realmente o nosso curso só teve temas interessantes e relevantes para a nossa formação como Educadores. A questão da EJA possui várias visões de como se ensinar os adultos, mas para nós o que mais ficou marcado é que os alunos do EJA tem um bagagem bem maior do que  pensamos e que na verdade vamos trocar conhecimentos e aprendizagens de vidas com eles. E que devemos sempre aproveitar e sugar deles seus conhecimentos e por meio da vivência deles que conseguiremos inseri-los no mundo letrado, sem ficarmos presos somente na alfabetização em si..

Para o especialista inglês, é desafio da modalidade de ensino preparar para o mercado de trabalho e um mundo em transformação
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho - o que ganha destaque nestes tempos de crise econômica. "Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente durante a infância e a juventude", afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
TIMOTHY IRELAND A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.

O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
IRELAND Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.

O que essa aprendizagem contínua contempla?
IRELAND O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.

Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
IRELAND Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.

Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
IRELAND De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.

Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
IRELAND Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.

Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
IRELAND Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.

Houve avanços nos últimos tempos?
 IRELAND Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.

O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
IRELAND Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.

Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
IRELAND Obviamente existem os que são muitos bons. Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.

Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
IRELAND Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.

Como isso pode ser feito?
IRELAND Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).

Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
IRELAND Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.

O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.

Quais são, então, os desafios atuais?
IRELAND Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade

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 Ampliando os horizontes na EJA

A Educação de Jovens e Adultos, o papel do professor é propor situações que levem o grupo a usar o que já sabe para aprender a linguagem e as propriedades matemáticas

Quando adentra a sala de aula, a turma dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA) geralmente consegue fazer alguns cálculos e medições, embora ainda não domine os códigos matemáticos. "No dia a dia, eles fazem compras, usam transporte público e trabalham na construção civil e em outras áreas nas quais a Matemática está muito presente", explica Maria Amábile Mansutti, pedagoga do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e coautora da proposta curricular do Ministério da Educação (MEC) para o 1º segmento da EJA. Levar isso em conta antes de planejar as atividades da disciplina é fundamental para que todos os estudantes aprendam, de verdade, a lidar com os conceitos e generalizar os conhecimentos que possuem para empregá-los em outras situações. "É natural que eles encontrem dificuldades para verbalizar como chegaram ao resultado. Por isso mesmo, precisam de ajuda para analisar e sistematizar o que conhecem", diz Maria Amábile. O cálculo mental, que a maioria domina bem por usá-lo com frequência, é a estratégia que melhor ilustra essa delicada relação entre o saber formal e o não-formal. A maioria dos alunos não dá tanto valor a ele e almeja aprender a conta armada. De acordo com Priscila Monteiro, coordenadora de formação em Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, embora os professores não possam deixar de ensiná-la, precisam explicar ao grupo que são diversas as estratégias de cálculo válidas, entre elas, o cálculo mental.
lém desse cuidado, devem ser consideradas as situações didáticas para ensinar Matemática na EJA. Elas funcionam como faróis que sinalizam o que é fundamental explorar com os estudantes nos primeiros anos de escolaridade. Organizadas por Maria Amábile e Priscila a pedido de NOVA ESCOLA, elas estão detalhadas a seguir de modo a apresentar os conteúdos fundamentais e indicar quando e como trabalhar e os objetivos que a turma precisa alcançar.

1. Estratégias de cálculo

O que é Atividade que pede a resolução de um problema lançando mão de diferentes estratégias (cálculo mental, calculadora ou o algoritmo para obter resultados exatos ou estimados) e a identificação da situação em que é melhor usar cada uma delas. "Na maioria das vezes, o cálculo escrito é visto como mais verdadeiro e correto pelos estudantes", diz Maria Amábile. O desafio é fazer com que percebam que ele nem sempre é o melhor caminho (leia a sequência didática "Comparação de ofertas na EJA"). A grandeza de um número e a necessidade da operação são as variáveis que determinam o tipo de cálculo que deve ser usado.

Quando propor No mínimo, três vezes por semana, tanto em sequências didáticas específicas e atividades de sistematização, como no trabalho permanente, vinculado a outros conteúdos.

O que o aluno aprende A confiar no que pensa, ter segurança para usar os procedimentos matemáticos, desenvolver estratégias de cálculo e decidir, em situações diversas, pela mais eficaz. Ele também passa a refletir sobre os cálculos e dispor de meios de aproximação e controle dos resultados. Ao estimá-los, por exemplo, tem condições de corrigi-lo.

MOMENTO DE CONSTRUÇÃO

 Trabalhar questões que envolvem geometria na EJA é tão importante quanto ensinar à turma diversas estratégias de cálculo. Na EMEB Donald Savazoni, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, espaço e forma são o tema das aulas semanalmente. Uma das atividades é elaborar figuras geométricas com elásticos, pensando nos ângulos, vértices e lados.

 2. Análise de figuras e corpos geométricos

O que é Trabalho que implica no reconhecimento das propriedades das formas e dos sólidos geométricos. Para conhecer as diferenças e as semelhanças entre as figuras geométricas, e como elas se relacionam e se agrupam, é importante colocar a turma para descrever, reproduzir, montar, identificar, explorar e reconhecer as diferentes formas planas e os sólidos geométricos que existem (leia a sequência didática "Cópia de figura na EJA"). Para isso, é preciso lançar mão de materiais diversos, como sólidos geométricos, figuras planas, papel quadriculado, régua, esquadro e compasso.

Quando propor Semanalmente, desde o início do ano, em sequências didáticas ou atividades específicas.

O que o aluno aprende A pensar de modo geométrico, ou seja, a se apoiar nas propriedades estudadas das formas e dos sólidos para antecipar relações não conhecidas. Além disso, passa a analisar e conhecer, cada vez com mais profundidade, as características de diversas figuras planas e não planas, a relacioná-las com outras e usá-las para resolver problemas geométricos. Outro ganho é incorporar a linguagem formal da Matemática a situações de comunicação.

3. Medição e comparação de unidades de medidas

O que é Situação que envolve medição efetiva e comparação e determinação de comprimentos, capacidades, pesos e durações. Os estudantes de EJA já sabem mensurar - fazem isso no trabalho, ao preparar uma receita culinária, confeccionar uma roupa, fabricar um móvel etc. Muitas vezes, as unidades de medida usadas por eles (como o alqueire, que varia de estado para estado) não são as convencionadas pelo Sistema Internacional de Unidades - por exemplo, o metro, o litro e a hora. Mesmo assim, devem ser aproveitadas em aula para ampliar a discussão de relações e equivalência. Nas atividades de medição efetiva, a turma precisa saber o que será mensurado, escolher o instrumento mais adequado para isso (trena e recipiente para líquido, entre outros) e decidir a unidade mais eficiente para expressar o resultado.

Quando propor Uma vez por semana, em sequências didáticas.

O que o aluno aprende A comparar grandezas da mesma natureza, utilizar diferentes métodos e sistemas de medição e lidar com eles.

COMUNICANDO OS RESULTADOS

A linguagem matemática pode ser composta por diferentes tipos de registro, sejam eles orais ou escritos. É importante que os alunos da EJA aprendam a lidar com essa diversidade para expressar como os números e as operações aparecem no dia a dia e também para revelar a maneira como pensam e manipulam as informações - o que ajuda o professor a diagnosticar a aprendizagem. Na EM Bairro Novo, em Curitiba, uma das práticas é desafiar a turma a representar graficamente os dados de problemas.


4. Comunicação e sistematização

O que é Oportunidade de explorar os procedimentos e as formas de pensamento empregados na resolução de um determinado problema, sejam eles orais ou escritos. O importante nesse caso é garantir que a turma entenda a lógica dos registros. "A escrita matemática é um procedimento que se aprende. Os conhecimentos que usamos para pensar no resultado de uma conta são diferentes dos que usamos para escrevê-lo", destaca Maria Amábile. Esse tipo de trabalho é fundamental porque faz com que o estudante reflita, de forma mais elaborada, sobre o conhecimento que usou para resolver o problema. A prática também abrange atividades relacionadas à escrita e à leitura numérica, em que se interpreta e produz o sistema de numeração, ou seja, ela favorece o entendimento das regras que regem o sistema de numeração decimal. Os registros feitos durante o processo, mesmo sendo provisórios, devem ser estimulados. O importante é que retratem o que o adulto pensou. A cada conhecimento novo, uma sistematização coletiva deve ser proposta e registrada em cartazes.

Quando propor Regularmente, como uma etapa de todas as sequências e projetos didáticos.

O que o aluno aprende A comparar grandezas da mesma natureza e utilizar diferentes métodos e sistemas de medição e lidar com eles.





Educação em Direitos Humanos



A UNESCO no Brasil, em parceria com a Oboré, lançou recentemente a cartilha Direitos Humanos na Mídia Comunitária: a cidadania vivida no nosso dia a dia. A cartilha tem como objetivo apresentar noções básicas de direitos civis; direitos políticos; e direitos econômicos, sociais e culturais. Ela foi pensada para ser uma ferramenta de trabalho dos comunicadores comunitários, com informações práticas e sugestões de temas que podem ser trabalhados em rádios, páginas eletrônicas, reuniões da comunidade, escolas, etc.


Além da cartilha  a UNESCO disponibilizou uma série de spots que podem ser veiculas nas rádios comunitárias. Um dos spots trata a questão da Violência nas Escolas.


Quer saber mais?
Acesse o link  http://www.euvocetodospelaeducacao.org.br/?p=172





Educação em Direitos Humanos foi um dos temas abordados no nosso curso Diversidade e Cidadania, após a leitura do material e discussões entre os colegas ressaltamos algo que achamos pertinentes sabermos e compreendermos em relação a Educação em Direitos Humanos.
Após a leitura do trecho Educação em Direitos Humanos foi possível analisar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem um papel fundamental no século XXI, isto é, contribuir para a construção de uma cultura de respeito à dignidade humana em todos os indivíduos e em todas as circunstâncias.

Alguns processos históricos influenciaram a natureza da Educação em direitos Humanos. A Primeira sistematização de uma educação voltada para uma defesa em direitos humanos, ocorreu nos anos 80, em sintonia com as lutas de resistência aos diversos regimes ditatórias na América Latina. Depois na década de 90, privilegiou, o fortalecimento dos processos de redemocratização, como o ocorrido no Brasil, promovendo temas como: democracia, liberdade, cidadania, diversidade... Sendo valores referentes aos direitos políticos e civis, conhecidos como os direitos humanos de 1ª geração.

Outro dado histórico foi à intensificação, nos anos 90, o fenômeno globalização, isto é, a instalação definitiva da comunicação eletrônica, interligando instantaneamente todas as partes do planeta, deixando a mostra a diversidade das culturas, as desigualdades sociais e os problemas globais.

Um terceiro elemento histórico foi a onda neoliberal a partir dos anos 70, uma doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mercado, mas que mantem e até aprofunda as desigualdades sociais. Constituindo assim um grande obstáculo para a realização dos direitos humanos. Esses outros dados históricos são valores referentes aos direitos econômicos, sociais e culturais da 2ª geração.

Boa parte da população da América Latina vive excluída do acesso à alimentação saudável, à educação, aos serviços de saúde, à moradia e ao trabalho dignamente remunerado. Isso acaba inviabilizando, na prática a realização dos direitos de liberdade, segurança e de respeito à diversidade e à individualidade.

No plano das mentalidades, temos uma cultura marcada pelo poder personalista e pelo favoritismo. Também a discriminação, o preconceito e a violência contra a mulher, a criança, o homossexual, o negro e o pobre são heranças históricas da cultura autoritária e patriarcal que ainda perpetuam. E mais, com a globalização neoliberal acentuou-se, como em todo mundo, o individualismo, enfraquecendo a ação política coletiva.

A Educação em Direitos Humanos surgiu, também, como resistência à ideologia neoliberal, hoje presente no projeto educacional, voltado prioritariamente para o desenvolvimento de competências individuais e para atender às exigências do mercado. O que fundamenta a presente proposta de educação em direitos humanos são as teorias educacionais que realmente, ajudam na formação de uma cidadania ativa individual e coletiva, capaz de organizar a sociedade civil para transformação social em vista de sociedade democrática, igualitária e solidária.

Segundo Benevides (2000) “é essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através de promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz”.

Educar em Direitos Humanos constitui-se em uma proposta axiológica específica para a educação formal e informal. Nela, os valores são organizados a partir de alguns princípios fundamentais que formam a base da dignidade humana: Liberdade, igualdade e solidariedade. Trata-se, portanto, da formação de pessoas para conviverem em uma sociedade em que se respeitem as diferenças pessoais e de grupos, que garanta condições dignas de vida igualmente para todos.

A Educação em Direitos Humanos deve ser abrangente, contínua, interdisciplinar e transversal e que envolva os diversos níveis de relações na comunidade escolar, direção, professores, funcionários, alunos e a comunidade em que está inserida.
Referências:
Moraes, Mara Sueli Simão. Maranhe, Elisandra André - Organizadoras - Coleção UNESP-UAB: Introdução Conceitual para Educação na Diversidade e Cidadania - São Paulo: UNESP, Pro Reitoria de Extensão, Faculdade de Ciências, 2009. V.2.
 
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